António Mendes, diretor da RFM, Carolina Afonso, CEO do Gato Preto e Francisco Matos Chaves, diretor de digital da ALTICE Portugal, juntaram-se no showroom da Altice, numa conversa moderada por Joana Petiz, diretora do Dinheiro Vivo, sobre perspetivas, riscos e vantagens do Metaverso: um novo modelo de aproximação ao cliente. 

Mas o que é isto do Metaverso? Será um mundo futurista e utópico? Uma realidade que visa unir dois mundos: O digital e o real?

Começámos a ouvir falar deste universo paralelo agora, recentemente, mas, na verdade, o termo Metaverso já é antigo.

Nasceu do imaginário do escritor Neal Stephenson, num livro intitulado “Snow Crash”, publicado em 1992. A obra é sobre uma personagem cuja ocupação principal é entregar pizzas mas, no mundo virtual, esta personagem é um samurai. 

Todos os convidados confirmam a ideia de que o Metaverso não é um conceito novo mas sim a democratização e o hype que lhe começamos a dar.

Este é já um mundo bem conhecido dos gamers e da geração mais nova onde se abrem novas possibilidades.

Um ambiente virtual imersivo, construído através da fusão entre a realidade virtual, a realidade aumentada e os hologramas, usando criptomoedas e cujo ambiente se torna cada vez mais sensorial através de utensílios que temos hoje em dia, como os óculos 3D, as cadeiras e os fones. Tudo isto faz com que a experiência se torne mais do que apenas visual. 

Mas porque é que as Marcas estão a entrar nesta nova realidade?

Ao fazermos esta questão, procurámos ouvir visões distintas de profissionais ligados a Marcas que tomaram a iniciativa de entrar nesta “realidade” num momento ainda inicial desta realidade.

Na visão da MEO, a primeira operadora móvel portuguesa a entrar no Metaverso, esta é uma oportunidade de se aproximar do público, e não apenas dos clientes, através da inovação e humanização  mostrando, através de uma casa totalmente equipada com as funcionalidades da Marca, bem como todos os produtos e serviços, muitas vezes desconhecidos. 

Para a RFM, a entrada no Metaverso permite potenciar a Marca através de experiências para os que não são apenas ouvintes, são muito mais do que isso. Por exemplo, o Oceano Pacífico - um dos programas mais antigos e mais “históricos” da antena radiofónica em Portugal - pode ser ouvido numa praia, à noite. A “concretização” de uma experiência no oceano virtual, disponibilizada pela estação aos ouvintes, numa experiência mais completa e num ambiente que leva as pessoas a viajar numa aura de bem estar característicos deste programa.

Como em tudo, existe o lado reverso da medalha.

O Metaverso não pode ser completamente desenquadrado do ambiente de gaming e, para isso, é preciso estudar e aprender mais sobre este novo modelo.

Nesta matéria é de realçar a visão de Carolina Afonso (CEO do Gato Preto) que relembra que não se pode cometer o mesmo erro que tantas vezes se fez anteriormente quando se assumiu que, para passar a publicidade da televisão para o digital, bastaria usar o mesmo registo, sem fazer alterações.  

Plataformas diferentes exigem estudos diferentes, medidas diferentes e formas distintas de comunicar adequadas a necessidades e públicos distintos.

Para isso, o Gato Preto, quando lançou a coleção em NFT´s, “New cats on the block” estudou exaustivamente este novo mercado, o que são NFT´s, com que moeda se transaciona neste mundo digital e como se relacionam as pessoas virtualmente.

Quando se arrisca a entrar num novo mercado e, neste caso, num novo “mundo” não é só o nome da Marca que está em causa mas toda a sua reputação. 

Nesta fase embrionária onde já se encontram as Marcas no Metaverso, como descreve António Mendes da RFM, falhar é permitido. Estamos ainda numa fase de aprendizagem. Existem inúmeras possibilidades e oportunidades que nos permitem olhar para a tecnologia e criar experiências que se cruzam com a Marca. O importante, neste momento, é estar atento às potencialidades e como tirar partido delas, não as olhando com medo mas com a consciência de que estamos num momento de grande salto tecnológico com impacto para as Marcas.

Em abril de 2020, o rapper norte-americano, Travis Scott, juntou cerca de 20 milhões de utilizadores num concerto online que durou apenas alguns minutos. Com estes e outros dados semelhantes, cresce a pergunta se o Metaverso tem a capacidade de lançar artistas ou de substituir os eventos “reais” para o espaço digital.

Francisco Matos Chaves (MEO), acredita que a plataforma ainda não tem o mesmo nível de disseminação de conteúdos (como o youtube ou o tik tok) para novos artistas. Tal como também não acredita que se vá substituir uma ida a um concerto, a um museu ou a um jogo de futebol, apesar de acreditar que as duas experiências se podem complementar. 

Neste universo paralelo, onde pessoas podem interagir através dos seus avatares, criar relações, comprar bens e viajar, o que se espera é que os utilizadores não sejam apenas espectadores mas que se envolvam no ambiente, há algumas preocupações que se levantam. Por exemplo, o facto da  experiência ser tão imersiva e pudermos ser o que quisermos neste mundo, dentro de um aparelho, levanta problemas que estão cada vez mais em cima da mesa e programas de consciencialização, especialmente em mercados asiáticos. O Metaverso desperta sensações reais que muitas vezes leva a uma desilusão, depressão, angústia e solidão na vida real.

Mas, as expectativas das Marcas neste novo mundo são semelhantes: não se sabe até onde será possivel ir, mas será  seguramente um caminho que ainda agora começou. Por isso, as Marcas  desejam explorá-lo, mantendo a sua identidade e coerência. Aquilo que será, apenas pode ser encarado como futurologia. O que se sabe por agora, é que se o público lá está, é para lá que irão caminhar. 

Para saber mais, assista à conversa, aqui.

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