"É linda", disse Elize Lutz, de 70 anos. "Dá a sensação de um bunker, é seguro", acrescentou o marido, Harrie Dekkers, de 67. O casal de lojistas reformados de Amesterdão recebeu a "chave digital" da casa na quinta-feira, que funciona com uma aplicação que permite abrir a porta através de um clique, mas só se muda em agosto.

Elize e Harrie são os primeiros inquilinos de uma casa totalmente impressa em 3D na Europa, uma espécie de bangalô do futuro, inspirado no formato de uma rocha, com apenas dois quartos e 94 metros quadrados de área habitável.

A propriedade é a primeira de cinco casas planeadas pela construtora Saint-Gobain Weber Benelux para um terreno perto do canal Beatrix, no subúrbio de Bosrijk, em Eindhoven, noticia o "The Guardian".
Elize e Harrie, que viveram em quatro diferentes tipos de habitação nos seis anos desde que as duas filhas adultas deixaram a casa da família, vão pagar 800 euros por mês para morar na propriedade por seis meses a partir do dia 1 de agosto, depois de se terem candidatado a um anúncio na Internet. "Vi o desenho desta casa e era exatamente como um jardim de um conto de fadas", contou a mulher.

O atual valor de mercado das rendas é normalmente o dobro do pago pelo casal. "Ganhámos dinheiro com esta primeira casa? Não. Esperamos perder dinheiro na casa número dois, três, quatro e cinco? Não", garantiu ao "The Guardian" Bas Huysmans, presidente-executivo da Weber Benelux, uma ramificação de construção da empresa-mãe francesa Saint-Gobain.

"Com a impressão 3D é possível geral uma enorme criatividade e uma enorme flexibilidade no design", acrescentou Huysmans, comentando ainda a escolha do formato da casa: "Por que é que nos esforçamos tanto para imprimir essa "rocha"? Porque isso mostra perfeitamente que é possível fazer qualquer forma".

"Com a casa impressa em 3D, estamos a definir o mote para o futuro: a realização rápida de casas a preços acessíveis com controlo sobre a forma do próprio lar", disse Yasin Torunoglu, vereador de habitação e desenvolvimento espacial do município de Eindhoven, citado pelo "The Guardian".

Construção com menos custos e mais amiga do ambiente

Nos últimos dois anos, foram construídas propriedades parcialmente impressas em 3D em França e nos Estados Unidos e novos projetos proliferam em todo o Mundo. Mas a casa holandesa ultrapassa os rivais por ser a primeira propriedade legalmente habitável e alugada comercialmente em que as paredes de suporte foram construídas através da tecnologia de impressão em 3D.

"É também a primeira que é 100% autorizada pelas autoridades locais e que é habitada por pessoas que realmente pagam para viver nesta casa", afirmou Bas Huysmans.

A primeira casa concluída do Projeto Milestone, uma parceria com a Universidade de Tecnologia de Eindhoven e a corporação habitacional Vesteda, deveria ter sido colocada no mercado de locação em 2019, mas os desafios do projeto do arquiteto, que envolvia paredes externas suspensas, causaram atrasos.

O método de impressão 3D envolve um enorme braço robótico com um bico que esguicha um cimento especialmente formulado, com uma textura semelhante à de chantili. O cimento é "impresso" de acordo com o projeto do arquiteto, adicionando camada sobre camada para criar uma parede e aumentar a sua resistência. O método é visto por muitas pessoas na indústria da construção como uma forma de cortar custos e danos ambientais, reduzindo a quantidade de cimento que é usado. Nos Países Baixos, surge também como uma alternativa num momento em que há escassez de pedreiros qualificados.A nova casa é composta por 24 elementos de betão que foram impressos camada por camada numa fábrica em Eindhoven, antes de serem transportados por um camião para o local de construção e colocados numa estrutura. Depois foi só construir o telhado, as janelas e aplicar os retoques finais.
Quando estiver construída a quinta casa - composta por três pisos e três quartos - espera-se que a construção seja totalmente realizada no local e que também sejam feitas várias outras instalações com recurso à impressora, reduzindo ainda mais os custos.

"Se olharmos às horas realmente necessárias para imprimir esta casa, eram apenas 120 horas. Então para todos os elementos, se tivéssemos imprimido de uma só vez, teríamos demorado menos de cinco dias porque o grande benefício é que a impressora não precisa de comer, não precisa de dormir, não precisa de descansar. Portanto, se começarmos amanhã e aprendermos a fazê-lo, podemos imprimir a próxima casa daqui a cinco dias", revelou Huysmans.

Fonte: Jornal de Notícias

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